
Aquele lugar na calçada era o seu preferido, quase ninguém pisava no seu pé dolorido ali, era espaçosa e as vezes podia esticar as pernas. Daquele lugar podia divisar as mais diferentes imagens…. conseguia ver o alto do edifício á sua frente e sentir-se dentro dele, em um confortável sofá, vendo um programa de tv, comendo um sanduíche e tendo um banheiro limpo e com chuveiro quente para tomar seu banho; e depois de banhado descia pelo elegante elevador social esbanjando sua roupa nova e seu perfume importado que com duas gotas fazia qualquer um virar-se. Também podia ver os carros que por ali passavam, um mais veloz que o outro, e de cores diferentes, e modelos e performances… e também era capaz de se ver lavando seu carro em um domingo quente, ouvindo seu som preferido, conversando com os amigos na calçada sobre a festinha de ontem.
Ali ele também podia ver diferentes pessoas, diferentes roupas, diferentes estilos… e também podia se ver indo de volta para casa, chegando cansado e feliz por mais um dia de serviço, jogando sua mochila no sofá, tirando o tênis e deixando no meio da sala, deitando no sofá e esticando as pernas para descansar. E logo em seguida sua mãe chamando para jantar, mas antes disso ele tinha que tomar um banho , pois as ruas e transportes públicos eram sujos e transmissores de doenças.
Tudo isso ele era capaz de ver, de sentir, mas incapaz de fazer. AS ruas sujas e transmissoras de doenças eram agora sua moradia, seu confortável sofá era o degrau daquela calçada que agora estava sentado a refletir. O banho ele poderia tomar naquele dia mesmo, se tivesse sorte e começasse a chover, sua refeição era garantida pelo dono de um bar-restaurante que deixava as sobras para o cachorro (que ainda não sabia que era ele). Sim, ele apenas sobrevivia, na selva de concreto e arranha céus, na mata de luxuria e avareza, no pântano de desfavorável condição e classe social.
Não, ele não queria um tênis caro, nem uma camiseta que gritasse sua marca estampada para todos lerem, e nem um carro de luxo. Talvez ele quisesse uma oportunidade para tentar vencer, uma chance para tentar realizar, uma brecha para conquistar. No entanto, seu aconchego continuava sendo a calçada, seu refúgio continuava sendo seus sonhos e sua esperança continuava sendo a certeza de que amanhã seria um outro dia, e novamente o Sol estaria brilhando lindo e confortável, sob o céu de uma cidade cinza e sem nuvens. E então a noite caiu, mas não havia estrelas, e nem havia vento, somente uma brisa calma e refrescante, deixando a sensação de que por mais miserável que era sua vida, ele tinha uma, e não cabia a ele desmerecê-la, mas sim tentar mudá-la a fim de que ela fosse melhor.
BOM PONTO DE VISTA!
ResponderExcluirlindo e triste... a realidade de milhoes de pessoas.
ResponderExcluirDa tristeza ver tantos futeis e egoistas que nada ajudam, só sugam as pessoas e ainda reclamam sempre de tudo. Os ricos mais pobres que podem existir.
Mas ainda existem muitas pessoas ricas sem tanto dinheiro que muito ajudam :D
Beijos, adorei também! seguindo :)
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Sentar e esperar um outro dia melhor, é o que todos nós sempre fazemos, sendo ou não um garoto de rua, mendigo...esta aí o grande erro de toda a humanidade em geral: não tentar !
ResponderExcluirGostei bastante do texto...bastante descritivo...você escreve beem..
bjs
acredito que para muitos so falta oportunidades e q todos tem potecial p vencer na vida
ResponderExcluirbruna me aceita no seu blof, naum consegui entrar .. beijos
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