junho 23, 2011

** As pedras do Caminho **



No meio do caminho tinha uma pedra. De tão convidativa, parei e sentei. Pois é, tinha uma pedra no meio do caminho... primeiro eu tropecei, mas foi lá que u me encontrei. Não tinha marcado hora , nem combinado horário ou sequer uma data definida, mas eu estava bem ali, comigo mesmo. O sol ia alto, no meio do céu, queimava a cabeça, ardia os olhos, e por isso eu os fechei. E então pude ver o que jamais imaginava existir, e sentir o que jamais pensei em sentir. Eu abri os olhos da minha alma, da minha mente e do meu coração.


E naquele paradoxo de cenário do sertão, eu lentamente caminhei... vaguei.... flutuei. Em busca do desconhecido e ainda inexplorável caminho do meu interior. Como eu senti medo, e como fazia frio dentro de mim, mesmo com aquele sol alaranjado a “la Tarsila do Amaral” , eu me encontrava tão fria. Durante 27 tive uma vaga noção de quem eu era.

Por muitas vezes eu sorri. Por muitas vezes eu brilhei. Por muitas vezes ajudei e aconselhei. Por muitas vezes eu guiei. A outros caminhos. A outras vidas. A OUTRAS pessoas. A minha disposição estava em servir ao mundo, mas meu mundo deixou de me servir.

Eu amei da maneira mais louca, obcecada e intensa que só o amor pode nos levar a fazer e sentir. Eu descobri o amor de uma forma doce e cruel. Eu senti meu coração bater de alegria com tanta força, que parecia querer sair do meu peito. Eu senti meu coração apertar com tanta força, que parecia que ia sumir dentro de mim. Eu senti a minha boca secar de ansiedade como se eu tivesse me curando da  pior ressaca. Eu senti minhas lágrimas rolarem como se fossem esvaziar o meu corpo de toda a saudade que sentia. Eu embrulhei meu coração em papel decorado de primeira qualidade e o entreguei. Não deixei bilhete. Não dei satisfação. Eu simplesmente queria entregar meu coração. Eu entreguei, com tanta vivacidade, com tanta espontaneidade e tão depressa que nem deu tempo de ser apreciado.

Como todo coração se parece uma flor,  em pouco tempo murchou. Ele precisava de muita agua, e algumas gotas de vez em quando caiam. Ele precisava de muito sol, alguns raios as vezes o aqueciam. Ele precisava estar confortável e bem atendido, mas foi naturalmente esquecido. E o frio que eu sentia, agora me fazia tremer. E os medos que me acometias, agora dominavam meu ser. E a minha mente sempre tão viva, agora me fazia enlouquecer.

Eu senti a sombra chegar. Eu senti a chuva aumentar. Eu senti o chão tremer e tive que me apoiar. E com a minha pá, comecei a desenterrar todos os tesouros escondidos durante minha caminhada. Um a um, foram sendo retirados do chão, cobertos de terra e muita sujeira. Eu assoprei. Eu limpei. Eu abri cada caixa, e com cuidado fui restaurando tudo que encontrava dentro delas. Em cada caixa, uma surpresa, uma emoção, como uma fotografia que se perde mas mesmo amarelada não com segue esconder a imagem de você. Alguns com mais dificuldade, outros com mais cuidado, todos os tesouros foram resgatados. Quando juntei todos eles, lembrei-me do coração esquecido por ali, juntei-o aos meus tesouros e pude sentir um fiozinho de calor me aquecer. Era o inicio de uma nova descoberta. A minha descoberta.

E foi neste instante que uma grande luz se acendeu, e todo se fez claro como o dia. Eu pude ver como tenho sorte e tantas riquezas acumuladas, sempre ao meu redor, no decorrer de toda minha existência, desde o momento que eu descobri que era eu que tinha que vencer para mim, desde quando eu percebi que eu lutei para chegar até onde eu cheguei, e que era muito mais digno reconhecer que era tão frágil quanto uma casca de ovo no meio de um monte de pedras. Eu sorri para mim, que felicidade poder me encontrar. Eu me abracei, eu pulei, cantei e dancei. Essa é a minha vida, e é com ela que eu faço o meu mundo. O no meu mundo, as cores sou eu quem decido, o cenário, sou eu quem monto, os desafios, sou eu quem os supero.

Ninguém tropeça em montanhas, mas em pequenas pedras. Quando uma ou mais cruzar o seu, junte todas elas. Carregue pedras, muitas pedras, e você vai perceber quantos diamantes poderá juntar! No meio do meu caminho tinham pedras ... ainda bem !!

6 comentários:

  1. Essa história de catar pedras me é bem familiar...

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  2. Post super lindo! Infelizmente a pedras do meu caminho chegam dando voadora!

    'Eu sorri para mim, que felicidade poder me encontrar. Eu me abracei, eu pulei, cantei e dancei. Essa é a minha vida, e é com ela que eu faço o meu mundo. O no meu mundo, as cores sou eu quem decido, o cenário, sou eu quem monto, os desafios, sou eu quem os supero.' achei super parecido com o meu momento atual!

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  3. aki tambem as pedras ja estão sabendo lutar e todo dia acabo levando uma pedrada

    http://lrfilmes2011.blogspot.com

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  4. Leia "A menina que cata pedras" no meu blog que você vai entender o meu comentário.
    Vlw a visita!
    Abç

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  5. ben, you disappeared, I could not find you !! kisses

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  6. Simplesmente magnifico.. adorei seu blog, vc escreve mto bem e suas palavras são faceis de interpretar! Parabenssssssss

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