Hoje a noite encontra-se mais escura que o atual...
Um vento gelado mudou meu hábito e me levou a pegar essa caneta para desenhar em letras o que eu quero pensar e achar.
O sangue agora borbulha em meu interior como se fosse a pastilha efervescente que eu tomei para prevenir alguma dor.
E ele desce e sobe, borbulhante e cantante ...
Para e queima ...
Deixa suas marcas e depois relaxa.
Lá fora a noite tronou-se treva, pois a Lua não surgiu para brilhar e alumiar o cinza predominante deste lugar que só meus olhos conseguem enxergar.
A garganta que resseca, e raspa, e fere, e engasga, procurando água, saliva ... fonte que secou.
O sono veio arrebatador, não certa de que vou me encontrar novamente com ele ...
Veio certeiro e derradeiro como um coma profundo; induzido pelas vicissitudes imundas de um mundo que oferece tudo facilmente, e lhe tira calmamente o que nunca de fato lhe ofertou: a vida.
Descoberta do lado de lá deste lugar, no fundo do pote do arco-íris, onde você nunca pensou que fosse encontrar.
Há vida mais viva do que nunca do lado de lá, onde também há sombras e devaneios, onde há também tristezas e desespero e uma chance para recomeçar, sem querer entrar neste mesmo ciclo viciante e conturbante em que agora pareço estar.
O azul misturou-se ao cinza, da mesma cor da pedra que me sentei para olhar o lugar que eu deveria estar.
Plasma..sintonia...um dia eu chego lá.